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Tráfico no Paraíso: Facções dominam rotas internacionais do Nordeste
Divulgação/VisitRecife

O Nordeste brasileiro, conhecido por suas belezas naturais e o intenso turismo que movimenta bilhões de reais, enfrenta uma escalada de violência relacionada à atuação de facções criminosas. Dos 88 grupos criminosos ativos no Brasil, 46, ou mais da metade, concentram suas operações nos nove estados nordestinos, de acordo com dados da Secretaria Nacional de Políticas Penais.

A região é considerada estratégica para o tráfico internacional de drogas, o que intensifica a disputa por territórios, rotas e pontos de venda, resultando em confrontos e assassinatos, muitas vezes envolvendo vítimas inocentes. O Jornal da Band inicia nesta segunda-feira (15) a série especial "Tráfico no Paraíso", detalhando a atuação do crime organizado na região.

Disputa territorial e demarcação de força

A presença das facções é explícita, especialmente em cidades no interior do Ceará. Pichações em monumentos e muros são usadas como avisos claros para demarcar o controle territorial e exibir a força dos grupos.

Em Croatá, no interior do Ceará, um monumento pichado com a sigla CV 2 — uma referência ao Comando Vermelho — serve como um símbolo de dominação.

O Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital (PCC), os dois maiores grupos criminosos do país, utilizam o Nordeste como uma rota estratégica para o tráfico. Além disso, surgem dissidências, facções independentes e alianças temporárias que disputam territórios, pontos de droga e as rotas internacionais que atravessam a região.

Criminalidade se mistura ao turismo

Em destinos turísticos famosos, como Jericoacoara, no Ceará, a dinâmica do crime ocorre de forma mais discreta. Criminosos buscam evitar confrontos ostensivos para não afastar os visitantes, mantendo o fluxo de turistas que sustenta o comércio ilegal de drogas.

No entanto, o aumento da violência tem acendido o alerta. Há cerca de um ano, o assassinato de Henrique Marques de Jesus, de 16 anos, em Jeri, ganhou destaque. O adolescente, que viajava com o pai, foi confundido com um integrante de uma facção rival.

Henrique Marques foi sequestrado em uma rua estreita durante a madrugada, torturado e morto. Câmeras de segurança registraram o momento em que ele foi levado da vila por vários criminosos.

O delegado Marcos Aurélio explicou que não havia provas de envolvimento da vítima com o crime organizado. "Nós acreditamos que os criminosos se apoderaram dos aparelhos celular, tiveram acesso ao conteúdo do aparelho celular, chegaram à conclusão que ele era dessa origem porque ele era de São Paulo e vincularam o fato dele ser de São Paulo a ele pertencer a essa organização criminosa, desafeta dessa organização criminosa de origem carioca", detalhou o delegado.

Abordagens diretas a turistas

A baixa presença ostensiva da polícia em alguns pontos turísticos facilita a atuação dos traficantes. Uma turista de Minas Gerais, que pediu para não ser identificada, relatou que seu filho foi abordado por traficantes da região, que ofereceram drogas a ele.

“Na hora que ele estava passando, alguém ofereceu isso para ele. Droga. Exatamente por ser um local de turista. Aí ainda nós, 'que é isso' e tal. Aí a minha nora falou assim: ‘Não, mas é porque ele é novinho, acho que esse pessoal oferece mesmo, viu que o rapaz é novinho, eles oferecem’", disse a mãe.

Situações parecidas são comuns em outros destinos turísticos. Na Praia da Pipa, no Rio Grande do Norte, o produtor Leandro Santana foi abordado por um adolescente a serviço do tráfico, que ofereceu uma variedade de drogas.

As abordagens, registradas com câmera escondida, incluíam oferta de skunk, flow, hash e dry ice. Nas areias da praia, as ofertas eram de doces de maconha, como cookies, jujubas e até cogumelos.

De acordo com o jurista Luiz Rocha, muitos turistas não percebem que o tráfico atua abertamente. "Os turistas estão aqui para se divertir, estão aqui para poder brincar, apreciar essa maravilha de mar e eles não percebem que tudo está ocorrendo na frente deles. Quem mais percebe são os usuários de drogas", avalia o jurista.

Em alguns pontos turísticos do Nordeste, moradores e comerciantes locais vivem sob a lei do silêncio imposta pelos traficantes, com medo de represálias. A série de reportagens do Jornal da Band continuará amanhã com o segundo capítulo.

Fonte: Band.
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