Os preços da carne bovina estão aumentando em todos os países. Brasil, Estados Unidos e Austrália, os maiores produtore de carne do mundo, estão com a oferta reduzida e a tendência é que os preços subam ainda mais. Desde o início do ano, a alta é de 10% nos preços. Esse aumento é reflexo de uma série de fatores que impactam diretamente o mercado consumidor e o setor produtivo.
No setor varejista, os consumidores já sentem os preços da carne mais altos e, no campo, os criadores de gado percebem custos de produção cada vez maiores também. "O preço da ração aumentou, da energia elétrica e até mesmo do transporte do gado," diz o pecuarista José Renato Garcia, sobre os custos crescentes que estão reduzindo sua margem de lucro. “É o ciclo da pecuária e coincidentemente, todos os maiores produtores de carne do mundo estão na mesma fase desse ciclo, com a oferta em baixa”, completa.
Fernando Iglesias, da Safras & Mercados, explica que o aumento nos preços está relacionado também ao ritmo forte de exportações, o que reduz ainda mais a oferta de carne para o Brasil. "Isso está acontecendo porque o Brasil está exportando mais carne, o que vai acabar produzindo elevação de preços," afirmou. “Com a carne bovina mais cara, há um efeito cascata que leva ao aumento dos preços de outras proteínas como a carne suína e a carne de frango”.
A tendência é que os preços continuem em patamares elevados, com uma demanda externa ainda aquecida e uma redução na oferta doméstica. "A gente sente no bolso, consumidor, o pecuarista também. A tendência é aumentar," diz Iglesias, indicando que o cenário atual deve persistir por mais algum tempo, afetando tanto o mercado interno quanto as exportações.