A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro formalizou um pedido ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que seja autorizada uma cirurgia de urgência, após exames médicos confirmarem a existência de hérnias inguinais nos dois lados do corpo (bilaterais). Os advogados anexaram ao processo o resultado do ultrassom realizado ontem, que estabelece a indicação médica formal de um procedimento cirúrgico programado, com necessidade de internação que varia entre cinco e sete dias.
Os exames detalham a condição das hérnias, que não são consideradas leves, e demonstram um enfraquecimento da musculatura abdominal, o que aumenta o risco de piora do quadro de saúde. A hérnia inguinal ocorre quando uma parte do intestino ou tecido adiposo escapa de seu lugar normal na cavidade abdominal e passa por uma abertura enfraquecida na parede muscular, formando uma saliência na região da virilha.
Detalhes do diagnóstico
O laudo apresentado ao STF descreve as características de cada hérnia:
Lado Direito: A hérnia permite a entrada de um pedaço do intestino quando há esforço ou aumento da pressão abdominal. Isso ocorre quando, ao tossir, fazer força ou se movimentar, um trecho do intestino pressiona a abertura e "escapa" para a região da virilha.
Lado Esquerdo: A hérnia contém gordura interna (omento).
Ambas as hérnias são classificadas como parcialmente redutíveis, o que significa que podem retornar em parte ao seu local original por meio de compressão, mas não são consideradas leves. A indicação de cirurgia urgente pela defesa decorre do diagnóstico formal e do enfraquecimento da musculatura, que potencializa o risco de complicações.
A condição é uma sequela relacionada ao atentado à faca sofrido por Bolsonaro em 2018, em Juiz de Fora (MG), que resultou em uma série de cirurgias abdominais ao longo dos últimos anos. Com o pedido formalizado no STF, a Corte deverá analisar a urgência e a viabilidade da intervenção cirúrgica solicitada pela defesa. A cirurgia é considerada programada e não um procedimento de emergência imediata, mas o quadro exige internação para correção das aberturas na parede abdominal.
Prisão domiciliar
Além disso, a defesa do ex-presidente reforçou pedido para prisão domiciliar. Veja o comunicado na íntegra:
“Novos elementos clínicos reforçam integralmente as conclusões já apresentadas na petição anteriormente protocolada, também ora expressamente reiterada, na qual se demonstrou, de forma minuciosa e documental, a incompatibilidade do ambiente prisional com a condição de saúde do Peticionário. A confirmação diagnóstica da hérnia inguinal bilateral com conteúdo intestinal e a indicação médica formal de cirurgia imediata apenas tornam mais evidente o risco concreto à integridade física do sentenciado caso permaneça em regime fechado, sem acesso contínuo, célere e adequado aos cuidados médicos de alta complexidade de que necessita que esses novos elementos médicos sejam considerados como reforço autônomo e superveniente do pedido de prisão domiciliar humanitária, já deduzido e pendente de apreciação, diante da inequívoca incompatibilidade do quadro clínico atual com o cumprimento da pena em estabelecimento prisional".